9 de setembro de 2010

Expedição Caminho do Mar


7o POSTAGEM

Baixada Santista - EXPEDIÇÃO - Rodovia Caminho do Mar - SP 148

Caraca meu nem acredito que estou de volta ao meu blog; o bicho já estava criando ferrugem, pois não fazia uma postagem desde janeiro quando postei o terremoto do Haiti e de lá pra cá muita coisa aconteceu.

Hoje a postagem é sobre a caminhada que realizei com os meus amigos no dia 04/09 sábado na rodovia Caminho do Mar, para os mais saudosistas a Antiga Estrada Velha de Santos.
A sensação de percorrer 18 quilômetros e subir por volta 650 metros de altitude partindo da planície ao nível do mar é indescritível.

No Caminho do Mar, história e geografia caminham juntas, ao mesmo tempo em que apreciamos os monumentos como o Rancho da Maioridade e trilhas-estradas como a Calçada do Lorena; analisamos a paisagem da Mata Atlântica e as suas escarpas envoltas de inúmeros precipícios e cursos de água e uma grande diversidade de formações vegetais. Vemos também a relação homem e natureza; como as refinarias petroquímicas de Cubatão, a Usina Henry Borden, ambas encravadas no sopé da Serra do Mar.

Durante o trajeto levamos aproximadamente 6 horas entre a subida e a descida. Foi cansativo, mais a vista, a curiosidade de explorar a estrada e a companhia dos amigos motivava ainda mais os expedicionários do Lorena.

Tudo para a gente era “do Lorena”, tinha até o banheiro e a cachoeira do Lorena, o combustível disso tudo era a nossa animação além das risadas.
Risadas como: A gente só iria lá em cima para ver meia dúzia de “canos” da Usina Henry Borden e ver a banheira do D. Pedro ou testar o telefone celular para ver se quando chegássemos a São Bernardo do Campo o DDD já mudava para 011.
O melhor de tudo foi o comboio policial descendo a estrada umas 50 motos e uns 10 camburões que me fez ter uma idéia de deitar de mão na nuca no meio da estrada provocando vários risos do Lorena assim como andar trechos da estrada só de meia.
Relatando assim parece não ter muita graça, só quem estava lá ou quem faz este percurso tem a noção do que é. Com uma boa companhia, suprimentos, uma tarde linda e como prêmio a vista lá de cima faz com que esse seja um passeio inesquecível.

Nossos pais sempre falam que já percorreram esta estrada de carro a gente pode falar agora para os nossos filhos que deitamos no meio dela e sentimos orgulhos de nós mesmos de percorrer trechos a pé é como um desafio de vida tudo o que você almeja nesta vida está lá em cima e a caminhada parte de baixo, a vida é uma estrada, uma longa caminhada de vários trechos e caminhos de escolhas e o final da estrada não é o fim da vida é sempre o começo de várias vivências.

O Caminho percorrido pelos expedicionários do Lorena.


Partimos de Cubatão e fomos até o Pouso de Paranapiacaba próximo a Represa Rio das Pedras.



A Calçada do Lorena trecho que corta a Caminho do Mar, um dia eu conto a história dela no meu Blog.


Os Expedicionários do Lorena.

Um pouco de História e Geografia da Rodovia Caminho do Mar

A Rodovia Caminho do Mar (SP-148) é uma rodovia brasileira que liga a planície (Santos, via Cubatão) ao planalto paulista (São Paulo, via ABC Paulista), e constitui-se em um dos chamados Caminhos do mar de São Paulo. Atualmente está fechada para automóveis de passeio particulares, só sendo percorrida por visitantes a pé e de bicicleta, veículos de manutenção e microônibus da Fundação Patrimônio Histórico da Energia de São Paulo, administradora do Pólo Ecoturístico Caminhos do Mar, constituído pela Rodovia, pela Calçada do Lorena e outros monumentos históricos.
A implantação do Caminho do Mar, que basicamente resultou de vários melhoramentos da antiga Estrada da Maioridade, deveu-se sobretudo as pressões do “automobilismo” que marcou a rica sociedade paulista a partir do início do século XX. Era a época de empolgantes e românticas aventuras automobilísticas.


Rodovia Caminho do Mar, 2010.

Como o grande reide realizado por Antônio Prado Júnior e amigos, quando, em arriscado desafio, se propuseram ir, pela primeira vez em toda a história, de automóvel de São Paulo a Santos, trilhando a Serra o trecho da abandonada Estrada da Maioridade. Era Abril de 1908 e esses destemidos aventureiros da aristocracia paulista, não sem esforços hercúleos, concluíram sua proeza em um carro motobloco a gasolina de fabricação francesa, com poderosos 30 cavalos de força (só para ter uma ideia hoje uma Ferrari tem por volta de 800 cavalos de potência), cumprindo o trejeto de 66 quilômetros entre a Praça da Sé, em São Paulo, e a Praça dos Andradas, em Santos em exatas 36 horas e meia.



Antonio Prado Júnior em seu automóvel em 1908.

Relatos: “Do instante da partida para o da chegada final (ao cair da noite do dia 17 de abril) contaram-se 36 horas e meia. Delas, nada menos de 25 horas foram gastas com o carro "rodando", ou com trabalhos e lutas para desimpedir o caminho, que, desde 1867, estava praticamente abandonado. Até dinamite tiveram os excursionistas de usar, a fim de percorrer os 66 quilômetros que vão da Praça da Sé, em São Paulo, até a Praça dos Andradas, em Santos, o que nos dá a média (efetiva) de 2,7 km/h.”

O número de automóveis e motocicletas crescia a cada ano, e com eles pressões por investimentos públicos no nascente rodoviarismo. Washigton Luis então ainda deputado, é um dos mais acalorados defensores da opção rodoviária como logística de transporte auxiliar da ferovia.

Atendendo às possibilidades empresariais que se abriam com o advento do automóvel e do rodoviarismo, o engenheiro Artur Rudge Ramos, articulando os decisivos apoios do governo estadual e dos governos municipais de São Paulo e Santos, inicia a transformação da antiga Estrada da Maioridade, ou Estrada do Vergueiro como também era conhecida, em uma estrada moderna e tecnicamente adaptada ao trânsito de automóveis.

No processo de construção as rampas foram suavizadas em vários trechos, a pista é ampliada para largura mínima de 5,50 metros e macadamizada (Tipo de pavimento para construção de pistas de rodagem que consiste em assentar três camadas de pedras colocadas numa fundação com valas laterais para drenagem da água da chuva) em vários trechos, de forma que em 1918 o então novo Caminho do Mar já pode receber a caravana automobilística dos participantes do 1º Congresso Paulista de Estradas de Rodagem que se realizava em São Paulo.

Em 1920 Rudge Ramos já havia macadamizado todo o trecho da Serra, além das melhorias do Planalto e da Baixada. Funda então a Sociedade Caminho do Mar, ganhando direitos de explorar privadamente, com cobrança de pedágio, a administração da nova estrada.
Relatos: Em 1920, Washington Luiz, indo ao Caminho do Mar, procurou localizar trechos abandonados do antigo, construído por Bernardo José de Lorena, e conseguiu não só localizá-los, como também descobrir, quase enterrado, o "padrão" por ele mandado colocar ali e do qual havia o viajante norte-americano Kidder dado notícia em 1839.

Em 1921 era contabilizado o tráfego médio diário de 82 veículos no trajeto de ida e vinda São Paulo – Santos. Em 1922, a título de experiência é concretado o trecho mais íngreme da Serra.

Em 1923 para garantir a ampliação de melhoramentos técnicos Washington Luis adquire a Sociedade Caminho do Mar, eliminando os pedágios. Em 1926 aproveitando o macadame como base, conclui-se a execução do pavimento de concreto em todo o trecho da Serra, conferindo ao Caminho do Mar condições de rolamento seguras e modernas durante todas as estações do ano e caráter absolutamente pioneiro no país na adoção dessa tecnologia.

Apesar de todos os melhoramentos o Caminho do Mar continuou a conviver com a freqüência ocorrência de escorregamentos nos períodos mais chuvosos, o que implicava prolongados períodos de interrupção do tráfego para desobstrução da pista e para os consertos que se faziam tão necessários. Da mesma forma, ainda subsistia o problema das rampas excessivamente inclinadas de 10% que dificultavam a locomoção de veículos pesados, especialmente no sentido Santos – São Paulo.
Alem disso, o fato de a estrada dispor de apenas uma pista pra subida e descida limitava crescentemente o tráfego, que já em 1934 contabilizava uma média diária de 620 veículos.

Interditado nos últimos anos devido a grandes escorregamentos nos quilômetros 43 e 53, ocorridos por ocasião das fortes chuvas de 1992, o Caminho do Mar certamente ainda cumprirá uma importante missão como estrada para fins turísticos, educacionais e de pesquisa.

Trechos do Livro: A Grande Barreira da Serra do Mar
Álvaro Rodrigues dos Santos